Eliminar os preconceitos de género no local de trabalho é essencial para construir ambientes laborais mais justos, produtivos e alinhados com os valores atuais de igualdade. A igualdade de género nas organizações não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma estratégia inteligente para atrair talento, melhorar o desempenho e fortalecer a cultura empresarial.
- Neste artigo, exploramos 10 formas práticas de eliminar o preconceito de género nas empresas.
- Desde políticas de recrutamento até à forma como avaliamos desempenhos, cada passo pode fazer uma diferença real.
Já alguma vez pensou como seria ser tratado de forma diferente apenas por causa do seu género no local de trabalho?
Foi precisamente isso que aconteceu quando um colaborador utilizou, por engano, a assinatura da sua colega num e-mail enviado a partir de uma caixa de correio partilhada. Decidiram manter essa troca durante duas semanas. O resultado foi revelador.
Enquanto ele, usando o nome dela, enfrentava resistência dos clientes para conquistar o respeito profissional, ela, com a assinatura dele, conseguia avançar com facilidade e concluir tarefas muito mais rapidamente.
ÍNDICE DO ARTIGO
- 1. Comunique com transparência e propósito
- 2. Apoie o acesso de mulheres a cargos de liderança
- 3. Adote processos de recrutamento inclusivos
- 4. Reveja os salários e garanta equidade na remuneração
- 5. Invista na formação sobre preconceitos inconscientes
- 6. Implemente uma política clara contra a discriminação
- 7. Promover o trabalho flexível e normalizar a licença parental partilhada
- 8. Diversificar a liderança com foco na igualdade de género
- 9. Incentivar ativamente o progresso profissional das mulheres
- 10. Fomentar uma cultura de meritocracia inclusiva e valorização de ideias
- Estatísticas alarmantes sobre os preconceitos de género no trabalho — e porque as empresas devem agir já
- Conclusão
“Quando ela conseguia que os clientes aceitassem que sabia o que estava a fazer, eu já ia a meio de outro cliente. Para mim, isto foi chocante. Para ela, era a normalidade. Achou que fazia parte do seu trabalho.”
Lições retiradas deste caso prático
- O género influencia a perceção de competência profissional.
- Mulheres enfrentam frequentemente barreiras invisíveis no seu dia a dia laboral.
- A igualdade de género nas organizações exige consciência e mudança ativa.
Estudos do Reino Unido e de outros países ocidentais confirmam que fatores como o tempo de permanência no emprego, preconceitos em negociações salariais e estereótipos negativos são das principais causas da disparidade salarial entre homens e mulheres.
As empresas não precisam de esperar pela mudança. Podem — e devem — ser agentes ativos na promoção da igualdade de género.
Eliminar os preconceitos de género no local de trabalho não é apenas o caminho justo: é crucial para atrair, reter e valorizar os melhores talentos. Empresas com maior diversidade de género têm, em média, 15% mais probabilidades de superar financeiramente a concorrência.
A seguir, apresentamos 10 medidas práticas para promover a igualdade e eliminar os preconceitos de género na sua organização.
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1. Comunique com transparência e propósito
Divulgue abertamente as estatísticas de género da sua empresa. A transparência é essencial para gerar confiança e mostrar que existe um compromisso real com a mudança.
Implemente:
- Um plano de ação claro, com metas e prazos definidos.
- Comunicação regular e honesta com os colaboradores.
- Partilha de progressos tangíveis e objetivos alcançados.
Esta abordagem fortalece a cultura organizacional e ajuda a consolidar a igualdade de género nas organizações.
2. Apoie o acesso de mulheres a cargos de liderança
Empresas como a Accenture, Barclays, Credit Suisse UK e KPMG definiram metas concretas para melhorar a representação feminina nas lideranças. O que pode implementar:
- Objetivos de diversidade de género por área e função.
- Marcos intermédios e prazos definidos para medir progresso.
- Responsabilização de gestores e decisores pelo cumprimento das metas.
Estas medidas incentivam a ascensão profissional das mulheres e promovem ambientes mais justos e equitativos.
3. Adote processos de recrutamento inclusivos
A forma como se redigem anúncios e se conduzem entrevistas pode perpetuar desigualdades. Para tornar o recrutamento mais justo:
- Evite linguagem enviesada como “competitivo” ou “agressivo”.
- Prefira termos como “colaborativo” e “orientado para equipa”.
- Use currículos anónimos e entrevistas estruturadas.
- Aplique avaliações cegas baseadas em competências reais.
Empresas como a Unilever e a Vodafone obtiveram excelentes resultados ao adotar estas práticas — atraindo talentos mais diversos e ajudando a eliminar preconceitos de género no local de trabalho.
4. Reveja os salários e garanta equidade na remuneração
A paridade salarial é um passo fundamental para a justiça no trabalho. Para promovê-la:
- Realize auditorias salariais regulares para identificar desigualdades.
- Defina faixas salariais baseadas na experiência e competências reais.
- Evite negociar com base em salários anteriores, o que perpetua disparidades.
Esta abordagem ajuda a construir uma política de remuneração mais justa e transparente.
5. Invista na formação sobre preconceitos inconscientes
A consciencialização é o primeiro passo para a mudança. Para isso:
- Ofereça formações regulares sobre preconceitos inconscientes.
- Ajude os colaboradores a identificar e compreender os seus próprios vieses.
- Encoraje a reflexão sobre comportamentos no local de trabalho.
Embora estas ações não mudem atitudes de imediato, são essenciais para iniciar um processo de transformação cultural.
6. Implemente uma política clara contra a discriminação
Uma política forte transmite uma mensagem inequívoca de tolerância zero. Siga estes passos:
- Crie uma política de discriminação clara, imparcial e acessível.
- Estabeleça sanções concretas para casos de assédio ou discriminação.
- Garanta canais seguros de denúncia para os colaboradores.
- Sensibilize toda a organização sobre os direitos e deveres associados.
Um estudo da Unilever revelou que:
- 67% das mulheres sentem-se pressionadas a ignorar comportamentos impróprios.
- 64% das mulheres e 55% dos homens afirmam que os homens não intervêm quando testemunham situações de assédio.
Estes dados mostram a urgência de agir de forma proativa para criar um ambiente de trabalho verdadeiramente seguro e inclusivo.
7. Promover o trabalho flexível e normalizar a licença parental partilhada
Adotar uma cultura de trabalho baseada em resultados e desempenho, em vez de tempo presencial no escritório, é essencial para uma empresa mais inclusiva.
Vantagens desta abordagem:
- Beneficia mães e pais trabalhadores.
- Apoia quem cuida de familiares idosos.
- Aumenta a satisfação e produtividade de toda a equipa.
Cada vez mais, os millennials, mesmo com menos responsabilidades familiares, estão à procura de flexibilidade no trabalho como um fator decisivo na escolha de empregadores.
Exemplos práticos:
- A Telstra, operadora australiana de telecomunicações, implementou o trabalho flexível como norma.
- No Reino Unido, os pais podem partilhar:
- Até 50 semanas de licença parental
- Até 37 semanas de salário
Certifique-se de que os colaboradores conhecem estas políticas e incentive a sua utilização para promover a igualdade no local de trabalho.
8. Diversificar a liderança com foco na igualdade de género
Estabeleça metas claras de diversidade de género no conselho de administração e amplie o seu leque de talentos.
Boas práticas para diversificar a liderança:
- Evite recorrer apenas a perfis tradicionais (ex. ex-CEOs reformados, geralmente homens brancos mais velhos).
- Considere candidatos diversos e promissores, mesmo que sem experiência prévia em cargos de direção.
Esta estratégia traz novas perspetivas, estimula a inovação e reflete melhor a sociedade atual.
9. Incentivar ativamente o progresso profissional das mulheres
Para reduzir as desigualdades, é fundamental estimular a ambição e visibilidade das mulheres no local de trabalho.
Medidas recomendadas:
- Incentive as mulheres a candidatarem-se a promoções.
- Promova a transparência nos aumentos salariais.
- Garanta que os gestores acompanham ativamente o processo.
Exemplo inspirador: Na KPMG UK, os gestores de linha são orientados a:
- Verificar se as colegas com elevado potencial se candidataram a novas vagas.
- Questionar os motivos caso não o tenham feito
“Enquanto os homens se candidatam a funções com 80% das competências, as mulheres focam-se nos 20% que lhes faltam – e muitas vezes desistem.”
Martin Blackburn, People Director da KPMG UK
10. Fomentar uma cultura de meritocracia inclusiva e valorização de ideias
Promova uma cultura organizacional onde todas as vozes são ouvidas, valorizadas e respeitadas — independentemente do nível hierárquico, género ou origem étnica.
Porquê apostar na meritocracia inclusiva?
- As melhores ideias podem surgir de qualquer pessoa, em qualquer função.
- Estimula a inovação e colaboração em equipa.
- Contribui para um ambiente de trabalho mais diverso, justo e produtivo.
Exemplo inspirador: A estratégia de “amplificação” da equipa de Obama
- Quando o Presidente Barack Obama iniciou o mandato, a maioria dos seus principais assessores eram homens.
- As mulheres eram frequentemente ignoradas ou interrompidas em reuniões decisivas.
- Como resposta, adotaram uma tática chamada “amplificação”:
- Quando uma mulher apresentava uma ideia, as outras mulheres repetiam-na e davam-lhe o devido crédito.
- Isso forçou os homens a reconhecer a autoria e impediu que se apropriassem do contributo alheio.
Resultado: no segundo mandato de Obama, as mulheres atingiram a paridade com os homens no núcleo da presidência.
Estatísticas alarmantes sobre os preconceitos de género no trabalho — e porque as empresas devem agir já
Os preconceitos de género continuam a ter um impacto profundo e desigual no mundo profissional. Os dados revelam uma realidade que exige ação imediata por parte das organizações.
Números que não podem ser ignorados:
- A igualdade salarial entre homens e mulheres poderá demorar até 100 anos a ser alcançada, ao ritmo atual.
- A nível global, as mulheres ocupam apenas:
- 22% dos cargos ministeriais e parlamentares
- 15% dos lugares nos conselhos de administração
- 76% da população mundial ainda acredita que:
- Os homens são mais indicados para carreiras profissionais
- As mulheres são mais adequadas para tarefas domésticas
O papel das empresas na mudança
As organizações não podem simplesmente esperar que a mudança aconteça. Têm o poder — e a responsabilidade — de:
- Eliminar os preconceitos estruturais
- Promover igualdade de oportunidades
- Construir culturas empresariais inclusivas e justas
Combater os preconceitos de género é mais do que uma questão de justiça social — é também uma estratégia inteligente para atrair talento, inovação e crescimento sustentável.
Conclusão
Eliminar os preconceitos de género no local de trabalho é um caminho contínuo que exige compromisso, estratégia e acção. Ao promover a igualdade de género nas organizações, criamos ambientes mais justos e eficazes. Pequenas mudanças acumuladas resultam em grandes transformações.
Agora é a sua vez: que medidas já implementou na sua empresa para promover a igualdade?
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